Banhine recebe novas espécies do Parque Nacional de Maputo

Num marco histórico para a conservação, Moçambique inicia a doação interna de animais selvagens, fortalecendo o ecossistema e a conectividade ecológica entre parques nacionais

Moçambique registou um momento histórico na gestão e conservação da fauna bravia. O país iniciou, pela primeira vez, a transferência de espécies entre as suas próprias Áreas de Conservação, um marco que reforça o compromisso nacional com a preservação da biodiversidade e a restauração dos ecossistemas.

O Parque Nacional de Banhine, situado no distrito de Chigubo, Província de Gaza, recebeu recentemente diversas espécies provenientes do Parque Nacional de Maputo, entre elas pivas e zebras, que foram transportadas e colocadas temporariamente em bomas — recintos de adaptação — antes de serem soltas no seu novo habitat natural.

Segundo técnicos envolvidos no processo, os animais permanecerão nestes recintos por cerca de 24 horas, período necessário para se adaptarem ao novo ambiente antes da libertação definitiva.

Esta acção marca um avanço significativo na estratégia nacional de conservação, mostrando que as Áreas de Conservação moçambicanas estão a atingir níveis de recuperação e estabilidade que permitem não apenas repovoar internamente, mas também contribuir activamente para o equilíbrio ecológico entre diferentes parques.

Um “mini-Okavango” moçambicano

O Parque Nacional de Banhine é amplamente reconhecido pela sua rica diversidade ecológica e pelas características únicas do seu ecossistema. É frequentemente apelidado de “mini-Okavango”, devido aos seus sistemas de zonas húmidas que inundam sazonalmente, criando paisagens espetaculares e atraindo grandes concentrações de aves migratórias que fazem deste parque um dos mais importantes refúgios de avifauna do país.

Além da sua população saudável de avestruzes, o Banhine é um símbolo de recuperação ambiental, resultado de anos de esforço conjunto entre o Governo, comunidades locais e parceiros de conservação, no quadro da Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo (ACTFGL).

Conectividade e visão regional

Com uma área total de 725.043 hectares, o Parque Nacional de Banhine ocupa uma posição estratégica no coração da ACTFGL, funcionando como uma ponte ecológica e turística entre os Parques Nacionais do Limpopo e Zinave, em Moçambique, e os Parques Nacionais de Kruger (África do Sul) e Gonarezhou (Zimbabwe).

Esta interligação permite a livre circulação de espécies e o reforço da diversidade genética entre os diferentes ecossistemas da região, contribuindo para uma gestão integrada da vida selvagem e para o desenvolvimento sustentável das comunidades que vivem nas zonas limítrofes.

Compromisso com o futuro da conservação

De acordo com especialistas do sector, esta iniciativa abre caminho para novos programas de translocação dentro do território nacional, permitindo equilibrar as populações de fauna entre áreas com diferentes capacidades ecológicas e reduzir a pressão sobre os ecossistemas mais densamente povoados.

Mais do que uma simples transferência de animais, o gesto simboliza um novo capítulo na conservação moçambicana, onde as Áreas de Conservação passam a cooperar entre si, numa rede ecológica viva e resiliente que garante o futuro da biodiversidade do país.

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