O Conselho Executivo Provincial do Niassa realizou recentemente a XIII edição do Festival das Estrelas do Lago, um dos maiores eventos socioculturais da província. Embora a coordenação geral seja da responsabilidade do Executivo Provincial, a execução e a gestão direta do festival estiveram a cargo da Direção Provincial da Cultura e Turismo.

O evento, que tradicionalmente decorre no distrito de Lago, contou este ano com um público estimado em 20 mil pessoas.

Porém, mesmo antes do arranque oficial, o festival já enfrentava polémicas. A divulgação do primeiro cartaz gerou reclamações pela exclusão de vários artistas locais, já que a maior parte dos nomes anunciados era composta por artistas da capital provincial, que frequentemente dominam eventos do género. Perante a forte reação pública, a organização decidiu alargar o número de artistas incluídos.

Após o festival, novas críticas emergiram. O artista King Sweet, que acabou por não participar, teria recusado o convite devido ao que considerou um cachê demasiado baixo para a sua atuação.

Mas a polémica ganhou novo fôlego depois das declarações do humorista Tio Yado, uma das figuras culturais mais influentes do Niassa, que criticou abertamente a Direção Provincial da Cultura e Turismo, responsável pela execução do festival:

“É importante começar a valorizar verdadeiramente os artistas da província. Não faz sentido que, em pleno festival, se ofereça um cachê de apenas 10 mil meticais.
Uma instituição responsável pela promoção da cultura não pode tratar os artistas com tamanha falta de respeito. Esta situação envergonha e desvaloriza o talento local.”

Numa crítica adicional, Tio Yado reforçou a disparidade nos valores pagos:

“Atuação no casamento: 50.000 MT
Atuação no Festival das Estrelas do Lago: 10.000 MT… e ainda dormir na areia.”

As declarações provocaram grande debate público sobre a valorização dos artistas locais, a política de cachês e as prioridades na gestão de eventos culturais na província.
Até agora, nenhuma nota oficial foi divulgada pelo Conselho Executivo Provincial ou pela Direção Provincial da Cultura e Turismo.